segunda-feira, 13 de julho de 2009

A fé em cifrões

Há tempos eu queria escrever sobre esse tema, mas falar de fé é algo que nem sempre agrada a todos. Antes mesmo de começar a escrever esse artigo eu busquei rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria, trancado em meu quarto pedi a Deus que me desse forças para eu tentar descrever ao povo a verdade que os dogmas muitas vezes doentis não os deixam ver.




















Como todo cristão no mês passado fui até a cidade sagrada de Aparecida, visitar a basílica de Nossa Senhora, era para ser como todas as outras excursões chegaríamos, assistiríamos a uma missa e depois iríamos passear, mas naquele dia seria diferente e resolvi que primeiro iria passear.
Andei em torno da basílica, havia muita gente pessoas que assistiam a missa, outras que também estavam só a passeio e alguns outros que descansavam encostados nas paredes ou até mesmo sentados no chão. De repente me deparo com uma pequena fila de pessoas que esperavam para entrar no museu da igreja, a visita custava apenas três reais. Não seria um tremendo absurdo se lá estivesse exposto apenas fotos e objetos usados pelo Papa Bento XVI na visita feita ao Brasil.
Continuei o meu passeio e na porta da igreja me deparo com uma senhora que gritava.
Estaria ela pedindo socorro?
Que nada estava comercializando terços.
O preço?
Apenas um real.
Resolvi ir até a feira de Aparecida que é bem visita pelos turistas que procuram obras artesanais a um custo bem baixo. Eu poderia comparar a feira de Aparecida com a 25 de Março de São Paulo, mas o que vi lá me fez ir além e já não estava mais na cidade sagrada. As barracas com seus produtos piratas, estátuas humanas vestidas de santo uma forma artística de tirar um pouco do seu dinheiro e mendigos implorando pelo meu dinheiro para comprar um pão, um lanche ou até mesmo drogas e bebidas e os comerciantes ainda gritando:
_____Venham aproveite a grande promoção;
_____Chega mais minha senhora meu senhor.
O absurdo foi real demais e por alguns instantes eu me senti em Jerusalém, em que o povo daquela época comercializava bugigangas em cima da fé humana e Jesus cristo se sentindo traído quebrou todas as barracas e expulsou aquelas pessoas de lá. Tive vontade de fazer o mesmo, mas me senti de mãos atadas ao perceber que todos lá estavam contra mim. As pessoas vão a Aparecida não a procura de uma nova fé, mas sim de uma nova roupa ou até mesmo um objeto artesanal para enfeitar a estante de suas casas. Objeto esse muitas vezes feito pelas mãos de crianças pobres daquela e de muitas outras cidades.


Não é só a religião cristã que busca de alguma maneira ganhar dinheiro em cima da fé de terceiros, mas criou-se uma religião entre as religiões e todos de alguma forma saem ganhando. Enquanto de um lado a basílica de Aparecida cresce a cada dia, de outro vemos templos evangélicos que se desmoronam por conta de uma obra malfeita. Para onde foi o dizimo que deveria ter sido usado na construção dessa igreja?
Ninguém sabe.
Sabemos que muitas vezes sem nos preocuparmos a fome no Brasil e em todo o mundo cresce a cada dia, que tal se as religiões se unissem se os Bispos de Aparecida parassem de barganhar a fé por alguns míseros reais, se pegassemos todo aquele dinheiro que foi lavado por aquele casal de pastores da igreja Renascer em cristo "Estevam Hernandes Filho e Sônia Hernandes" dos Estados Unidos, onde os mesmos acabaram presos por estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Você se lembra desse fato? E se pegassemos todo esse dinheiro e distribuíssemos em roupa e comida aos lugares mais remotos do mundo, seria talvez uma maneira surtida de pedir perdão, seria um último dizimo em cima dos nossos próprios erros embora saibamos que não podemos comprar a paz assim como também sabemos que não devemos perder a fé em Deus.
Enquanto isso não acontece resta saber até quando e por quanto vamos vender a nossa fé?

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