quarta-feira, 31 de março de 2010

O espetáculo da morte

Fecharam-se as cortinas de um crime bárbaro, que aos poucos virou espetáculo nacional. O assassinato de uma criança com toda a sua ternura e meiguice nos leva ao desconhecido desejo de conhecermos o vasto mundo do delito o mais fétido.
Isabella Nardoni uma criança até então desconhecida, morta brutalmente por um homem que um dia por inocência ela chamou de pai. Um parricídio que não respeitou se quer a ética moral do crime, deixando nos familiares dessa menina um vazio que jamais será preenchido.
O que leva uma pessoa a cometer um crime como esse e jurar de pés juntos que não foi ele? Aumentado dessa forma cada vez mais o ódio da população que fazia passeatas clamando por justiça. São essas mesmas pessoas que há dois anos atrás montaram platéias envolta do edifício London (local do crime) e da delegacia. Não podemos separar o joio do trigo, mas quando vi aquelas pessoas com cartazes e fotos da menina Isabella, pinchando às paredes da casa dos pais de Alexandre Nardoni deixando transcorrer a ideia de que são eles cúmplices deste crime bárbaro, culpados porque geraram um monstro.
Estariam essas pessoas lutando por justiça, ou estavam esperando a oportunidade de aparecerem numa foto jornal?
Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jatobá foram condenados por um júri popular, homicídio triplamente qualificado pela morte de uma criança menor de quatorze anos. Trinta e um anos um mês e dez dias, vinte e seis anos e oito meses. Pergunto seria essa uma pena justa? Seria se não soubéssemos que os dois apenas passarão no máximo dez anos na cadeia. Mas a justiça foi feita isso é o que importa, mas assim como disse Shakespeare. “O perdão supera essa imponência, é um atributo que pertence a Deus, e o terreno poder se faz divino quando a piedade curva-se a justiça.”


Ou seja vamos sair nas ruas enquanto há amor entre os homens, vamos tirar os narizes de palhaço , vamos fazer cartazes e clamar por justiça para várias Isabella que ainda estão vivas a mercê da boçalidade de muitos homens. Ou será que a população se esqueceu que vivemos em um país onde a pedofilia é predominante, onde todos os dias um criança é violentada sexualmente? Essas crianças estão perdidas nos bairros periféricos das grandes cidades e trazem nos ombros um mundo sem luz e sem vida. Vamos acabar com este circo de espetáculos sem graças.